Boa Noite Dorival

04:27 / Postado por Figgis / comentários (0)

Não gosto de samba, não gosto do Rio, não gosto da Bahia... mas gostava de ti Dorival.
Morreste jovem, aos 94 anos... nem completou os 100.000 anos que todo o gênio deveria completar...
Pois era isso que era Dorival, um gênio, um mestre, quando mais jovem que eu, era maior do que todos, compôs músicas sobre sua terra, que insisto, não gosto, não tenho adendo, mas veio mar adentro pela minha alma e mostrou a beleza em ser baiano.
Mostrou a beleza em ser brasileiro, criou versos que nunca vi alguém criar, criou vida numa terra cheia de vida, criou vida na Terra exultando o mar...

Não tenho palavras para descrever o que deixou, então uso suas palavras para descrever o que sobra depois de você, Dorival:


"(...)ai, se eu escutasse hoje não sofria
ai, esta saudade dentro do meu peito
ai, se ter saudade é ter algum defeito
eu, pelo menos, mereço o direito (...)"


Dizia que sentia saudade de sua terra... que saudade da Bahia... mas eu não sinto saudade da sua terra, mas sinto saudade de ti, diziam que você era preguiçoso, e sem esforço virou o estereótipo do músico baiano folgado... mas sem esforço compôs lindas melodias, exultou o oceano e casou-se com a Estrela Do Mar, quando foi morar no Rio de Janeiro, você e Stella Maris formaram um belo casal, viveram juntos e... que saudade da Bahia não é Dorival?


"O pescador tem dois amor
Um bem na terra, um bem no mar
O bem de terra é aquela que fica
Na beira da praia quando a gente sai
O bem de terra é aquela que chora(...)"


Gostava de ti Dorival, porque se foi, o mundo precisava de mais um pouco da sua calma... o bem da terra somos nós, que choramos por você, estava cansado, meu caro amigo? Estava cansado de sofrer por amor? Você não morreu Dorival, você foi pro mar, o corpo de homem já não te agüentava mais... foi beijar Iemanjá, cansou por esperar Stella ficar melhor? Ela entrou em coma 10 dias antes de você morrer... e você Dorival, como o último romântico, morreu por amor... e ela, Dorival, como a última romântica, foi logo em seguida, de cada olho cai uma lágrima, uma por você e uma por Stella... ela foi descansar no céu com seu doce acalanto.


"É tão tarde
A manhã já vem
Todos dormem
À noite também
Só eu velo
Por você, meu bem
Dorme anjo(...)"


Seu anjo foi para o céu, e lá está também você, descansem os dois eternamente, deixe que nós aqui cuidemos do resto... viveramos sem você, seu corpo acabou, mas seu legado ficará, por bem mais que 100.000 anos... vai fazer companhia ao teu amigo, dê um abraço no Amado por mim, pois encerrarei meus lamúrios com a música que vocês dois fizeram, mas antes disso só queria dizer mais uma coisa, Dorival, quando você se foi pensei: "Dorival morreu, antes ficasse ele e fosse eu". Boa noite Dorival... durma bem aí no mar...


"É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
Saveiro partiu de noite foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito sereia do mar levou
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar
Nas ondas verdes do mar meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de novo no colo de Iemanjá
É doce morrer no mar
Nas ondas verdes do mar meu bem
É doce morrer no mar"

Acerca das Ilusões

18:25 / Postado por Figgis / comentários (0)

Redemoinhos de areia, sugando tudo que existe. Sentei na vida, construindo castelos de cartas. Reneguei a lei, sei que o que não sei nunca saberei. Não sei quem sou nem o que sou, mas sei onde estou e o que serei, sei que da lei do Rei não serei, farei com que tudo que dei volte e terei, tudo que quero de uma só vez.
Redemoinhos de imagens, cuspindo tudo que esquecia. Sentei em meu castelo de cartas e construi vida. Abracei a lei, sei que o que não sei saberei. Sei quem sou e onde estou, mas não sei para onde vou, e o que serei? Rei de mim, darei tudo que tenho e que nada volte para mim...
Os sonhos me parecem reais, as pontes, ilusões de estrada, o que toco não sinto e o que sinto não é nada, quisera ter respostas para as perguntas erradas, quisera, quem dera... saber qual é errada... lucidez surreal ou esquizofrênia programada.
Quimera? que nada, se me espera sentada não pode se preocupar. Se corro morre, se fico foge, se espero: "não quero"... pois eu vou, adeus.... pois eu vou a Deus...Quem era? Ninguem, ninguem que se preocupou. Algumas lágrimas sinceras, algumas páginas se encerram, e o caminho continuou.
Quão funda é a toca do coelho? Quão funda é a toca do coelho?

Musa Inspiradora

18:24 / Postado por Figgis / comentários (0)

Minha musa é inspiradora.
Se eu fosse pintor, pintaria o céu como seu chão, todo o mundo invejaria a minha bela inspiração. Teria cores de açucena, que o homem nunca viu, e eu usaria todas elas, para pintar seus olhos vis. Formas e fundos divinais, para pintar o seu sorriso, e as curvas do diabo, para delinear seu corpo liso... minha musa, musa minha, toda a vida em vida tinha.Minha musa não é mulher, minha musa já é deusa.
Se eu fosse cineasta, toda a luz viria dela, sem maquiagem nem efeitos, só seu lindo rosto em tela. Se ela fosse a estrela, não precisaria iluminação, nem ataque ou contra-luz, nem tampouco compensação. Se a história fosse dela, um romance ela seria, se a história fosse minha, aí um drama eu faria. Se a história fosse nossa, eu faria uma comédia... mas se a história fosse ela, aí então seria épica! Marcaria toda a época, mas só eu iria ver.
Minha deusa musa linda é Truffaut com Monalisa.
Se eu fosse esculpi-la, de diamante ela seria, a faria sete anos, e só então conluiria. E no topo mais alto, colocaria o monumento, que fiz por sete anos, usando as unhas como instrumento.
Se eu fosse pianista, mil sonetos comporia, mil operetas, mil melodias, e uma linda sinfônia.Minha musa é toda minha, é só minha, é minha musa. Alma harmônica, corpo de diamante, olhos vis com toda a vida, minha musa inspira tudo, ela é minha, minha musa.
Minha musa não me usa, e se usa não abusa, e se usa e se abusa, inspira a dor inspiradora. Se fosse pintor, cineasta ou escultor, ou até mesmo pianista, faria juz a minha musa, a minha musa tudo faria. Mas não posso nada, sou escritor, e se vejo ela parada, não pinto, não toco... ela me deixa sem palavras...

Snuff

16:31 / Postado por Figgis / comentários (1)

(inspirado em uma inspiração real, respirado em "Snuff", nova música do grupo musical Slipknot, suspirado em uma personagem fictícia...)

Já era tarde da noite, mais uma madrugada sufocante, dentro do apartamento as sombras se fundiam com a imagem daquele homem, sentado numa velha poltrona bege, com a cabeça baixa, o rosto escondido em meio aos cabelos longos que caiam no seu rosto e tudo que era visível no ambiente era a fumaça do cigarro que flutuava lentamente, carregando seus demônios para longe, já era tarde e estava cansado.
Não tinha nome, não precisava de um, era apenas mais uma sombra do quarto, mais uma imagem no mundo que só existe como forma de uma luz que não resplandia em si. Calças amassadas, camiseta preta... era só um homem e um cigarro, olhando para a penteadeira a sua frente. Um telefone, várias cartas... uma penteadeira.
A chuva forte que caía lá fora inibia o som dos seus pensamentos, flashbacks delirantes, ouvia sua voz em um passado que parecia tão longe, que já não existia mais... no passado. O dia que perdeu sua alma, o resto de alma que tinha, já não conseguia lembrar o que era real e o que era sua imaginação sádica... ouviu sua própria voz, falando calmo com o vulto de esperanças - "Enterre seus segredos em minha pele" - o rosto que toda noite o atormentava já era uma imagem desfigurada que o inconsciente fez questão de deturpar - "Leve embora sua inocência e me deixe os pecados...". Mártir de sua própria existência... já era tarde e estava cansado.
Tragada sufocante, absorvera todo o veneno que sentia necessidade de inalar. Não sabia se era viciado na nicotina, no veneno do rato ou na dependência de algo em suas mãos, e não ligava de morrer aos poucos... a fumaça a sua volta representava a jaula que o mantinha preso, animal sem alma e sem destino. Cerrou o punho e bateu contra o braço da poltrona, apertava a mandíbula uma contra a outra e se levantava, indo até a janela... não entendia seus sentimentos, o amor era só mais uma camuflagem para o ódio, que voltava subitamente.

Um trovão! O som do trovão! Mais uma madrugada sufocante disfarçada de noite comum, já tinha tido uma dessas, pensava no telefone que tocou poucos minutos antes, ouvindo a voz da flor da inocência -"Quero ver-te novamente" E toda a dor vindo a tona.

Um trovão! O som do trovão! Perdido no meio da chuva, a água escorrendo no seu rosto. Quantos anos atrás não se sabe... um doce beijo.... uma doce raiva... a dor ainda era uma brincadeira, era uma madrugada chuvosa disfarçada de noite comum, e não sabia que seu crime teria tal castigo:
-"Então, se me ama, deixe-me ir! E vá embora antes que eu perceba!"
O silêncio do outro lado... o silêncio da compaixão
-"Meu coração é sombrio demais para que se importe." - continuara -"Não poderei destruir o que não existe!"
Mártir de si mesmo, melhor morrer sozinho do que matar a dois...
-"Entregue-me ao destino, não poderei odiar se estiver sozinho..."
Do outro lado, lágrimas e mais silêncio, talvez a face da inocência pensasse que o monstro tomara face, mas era essa a face de um monstro?
Um beijo doce...
-"Eu não mereço ter você"
...

O piscar dos olhos o trouxe a realidade novamente, percebera que nunca mais conseguiu esboçar um sorriso desde então, a dor já não era mais brincadeira... era tarde e estava cansado, e se pudesse mudar, esparava nunca descobrir...
A chuva abrandara e seus demônios o deixavam descansar, mais um cigarro, mais uma tragada... a sua frente, uma penteadeira:
"Ainda pressiono suas cartas contra meus lábios" - pensava o o homem, deixando-se levar pelo doce gosto dos sentimentos. Guardou tais sentimentos em partes de si que até ele se esquecia, partes que ainda guardavam os gostos de cada beijo. O cigarro ia se acabando e a verdade vinha atormenta-lo "Não posso aguentar a vida sem sua luz!".... um trovão, a verdade, a raiva, a dor e os demônios: "Mas tudo isso foi arrancado de mim quando você se recusou a lutar!"

Ela deveria estar a chegar a qualquer momento, ele servia-se, trêmulo, de um copo de conhaque, mas os pensamentos não iam embora, tudo que pensava em dizer a ela todos esses anos era varrido com raiva pelo monstro, o animal soltara-se novamente e imaginava novos discursos para o anjo que chegaria logo:
"Então nem gaste seu tempo, não irei escutar. Acho que já me fiz claro demais. Você não pode odiar o suficiente para amar. Será que isso basta?"
Ele estava cansado, já não tinha alma e era tarde, acendia outro cigarro, servia-se de mais um gole, mas seus demônios não queriam calar-se: "Eu só queria que você não fosse minha amiga, pois então poderia machucar-lhe no final." as lágrimas caiam pelos olhos, a imagem deturpada em sua mente ficava mais forte, jogara o copo contra a parede, não queria mais nada, abraçara o animal que era e percebeu que aquilo era a única coisa real que tinha, ele nunca clamara ser nenhum anjo, já era tarde, sabia o que tinha sacrificado para ela poder se manter viva, já não tinha mais nada além de seus demônios, percorria um lado e outro do quato, gritando o que diria quando ela o visse: "Então arrebente-se contra minhas pedras! E cuspa sua piedade em minha alma! Você nunca precisou de nenhuma ajuda!"
Arremessou as cartas pela janela, o telefone ao chão.
-"Você me vendeu para se salvar! Eu não ouvirei suas desculpas! Você fugiu... você fugiu! Anjos mentem para manter o controle!"
O olhar vermelho, o quarto despedaçado, era só mais uma sombra naquele quarto, mais uma alma despedaçada, era mártir de sua própria existência, e com os olhos mareados, sentou-se no canto do quarto, acendendo outro cigarro. Então ouviu a porta.... um trovão, uma batida na porta, ficou apenas com o beijo doce de outrora, deu mais uma tragada no cigarro e ouviu baterem na porta até o barulho cessar, falando baixo, enquanto tragava seu cigarro - "Se você ainda se importa, nunca me deixe saber" Um homem, e um cigarro. Uma sombra... ninguém... -"Se você ainda se importa, nunca me deixe saber..."

A Menina da Caixa de Sapatos

00:24 / Postado por Figgis / comentários (0)

Ela surgiu no meio da noite paranóica. Paranóia pragmática, psicotóprica e abusada, não sorriu nem disse nada, nem se irritou nem deu risada.A garota da caixa... me disse que vivia numa caixa de sapatos. Não tinha rosto não tinha nada, não tinha vida não tinha nada, não tinha idéia da sensação causada. Empatia, ligação, sem compromisso, com vibração... não tinha nada. Tinha nada... tinha nada, o nada que a menina tinha era o nada que me seguia, a menina do sapato... do cuturno, do vinil e da caixa.Não tinha olhos, não cria em Deus, criava vida e me dizia adeus.... voltara para a caixa.
Todos os dias, o dia todo, dormia em sua caixa, toda a noite, a noite toda, saia e brincava. Brincava alegre sem estar feliz, brincava para afastar a dor do vazio, o mesmo vazio que me seguia... e então a menina da caixa ganhou vida.
Dizia aos risos que chorara, dizia em baixos gritos que não tinha nada, que vivia sozinha em sua caixa.
A menina da caixa dos sapatos não tinha nada que eu não quisesse, não tinha nada que eu queria, não tinha nada e eu queria, nada ter, mas era tarde... a menina do sapato tinha ido até a margem e deu um passo a mais. A mais sisuda, a mais igual, a mais diferente, mas nada mal.
Ela lutava com moinhos de vento, estava na guerra e não era guerreira, lutava com seus demônios usando escudos, e ganhava sem atacar. E então ganhou rosto... a menina do sapato tinha vida tinha rosto... dizia que não tinha nada, mas tinha algo de especial... nada ter, mas era tarde... era tarde e me disse adeus... boa noite, na caixa de sapatos...
A menina era garota... com rosto corpo e vida, e do seu mundo veio a mim, e não consegui não olhar. Garota linda, mas desavisada, garota gata, mas escaldada, garota viva e iluminada.
Desavisaram-lhe de sua beleza, e assim vinha e me falava, que era comum e não tinha nada, e de comum não tinha nada, e comum não era nada, nada ter mas era tarde, mentiu pra mim dizendo que eu era bonito e menti a ela dizendo que não acreditava e me perdi em ambas mentiras...
Gata escaldada, mas era gata, mas se dizia, não tinha nada. Não sei da onde veio ou pra onde ia, além da caixa de sapatos, não se escaldaram-na ou se escaldou-se, mas dizia, não tinha nada... e se eu dizia voltava a caixa, então menti não dizendo nada, e me perdi em amplas mentiras.
Dizia que sua luz vinha da lâmpada... não cria em Deus, não cria em nada, se lhe falava dava risadas. Ria de mim e comigo, e me disse que somos a mesma pessoa. Comi uma bolacha e ela disse que lhe fez mal, ela ficou triste e eu dormi mal...Será que somos a mesma pessoa? Essa noite eu suspirei por ela.... mas ela não tinha nada, e voltei para minha caixa de sapatos...

O Cult Vende

03:34 / Postado por Figgis / comentários (0)

O cult vende... o cult vende...
Ele era um garoto alternativo, um ser humano único e diferente, não se encaixava na sociedade, gostava de ouvir músicas que ninguem ouvia, via filmes que ninguem via... ele tinha um gosto totalmente alternativo! Ele não se excluia das pessoas porque queria, elas que o excluiam, coitado do alternativo... não tinha amigos... não tinha alternativas.
Um dia o alternativo encontrou seus amiguinhos, todos alternativos, todos ouviam as mesmas músicas que ele, se vestiam igual a ele, eles todos eram alternativos!
Ele e sua turminha de alternativos vestiam-se diferentes, eram todos únicos e especiais... todos ouviam músicas que ninguem mais ouvia, todos viam filmes cult, que os outros diziam que eram ruins, eles entendiam do assunto, eram os reis do alternativo, ninguem era mais alternativo que eles!
Ele nunca sentira-se tão bem, percebia que não era o único injustiçado no mundo, que não era o único que sofria preconceitos da sociedade, ele e sua turminha de alternativos se encontravam todo dia para dizer como foram injustiçados.
Um dia ele ouviu uma música legal no rádio, e foi contar para seus amiguinhos, mas seus amiguinhos riram dele, aquela música era mainstream, era comercial, o cantor era um vendido, aquela música não era boa para eles... eles eram alternativos!
Eles eram alternativos.... todos se vestiam iguais, com a moda alternativa... todos ouviam as mesmas músicas, músicas alternativas, todos viam os mesmos filmes, os filmes cult... todos se sentiam injustiçados pelo mundo, mas no silêncio das almas sabiam que eram melhores... eram especiais, únicos... eram todos únicos, não tinha hierarquia, eram todos únicos iguais...
Ele deu um passo para trás, viu seus coleguinhas falando mal do mundo, de como era difícil ser diferente, de como a era moderna não dá valor à arte, aos grandes pensadores. Ao perguntar quais eram seus livros preferidos, algum deles respondeu de pronto - "Para Além do Bem e do Mal" - outro dizia sem pestanejar - "O Vermelho e o Negro, de Stendhal!" - e deveriam ver a felicidade estampada no rosto deste, ao perceber que sua resposta foi a mais única e especial. Todos os amiguinhos olharam para ele, admiraram-no, e embora perguntassem do que se tratava o livro, ele apenas dava respostas vagas e fingia uma falsa modéstia. Em seguida, quando ele se virou para outro rapaz, o mesmo não respondeu, mas ao invés disso preferiu desferir balbúridas sobre O Código Da Vinci, dizia detalhadamente cada parte do livro que não havia gostado, e de como o Dan Brown era um vendido....
Ele fez a mesma coisa, perguntando sobre filmes, sobre música, todos respondiam a mesma coisa, nem pensavam, enumeravam uma lista infindável e disputavam entre si quem gostava do cineasta mais diferente, ouvia-se "Fellini" de um lado, "Orson Welles" do outro, e quando alguem disse "Godart" todos extasiaram-se, todos concordaram, balançavam a cabeça afirmativamente e citavam algum fato sobre ele, Godart foi a palavra de ordem da discussão... todos gostavam de Godart, Godart era o melhor!
Eles eram diferentes, eles eram alternativos, eles comiam Dan Brown e vomitavam Stendhal, eles achavam que seus gostos eram especiais e únicos e se achavam diferentes de todos os outros, eles se vestiam com roupas alternativas porque não aceitavam ser discriminados pelo que gostam, mas aquele que não se vestisse diferente, igual a eles, era excluido rapidamente. Eles gostavam de filmes cult, só eles tinham aqueles filmes, eram especiais, diferentes e alternativos.... todos eles tinham... só eles... o cult vende... o cult vende....
Ele deu um passo para trás, vestiu o que queria, ouviu o que gostava, não ligando se era mainstream ou underground, via o que queria e percebeu que era diferente e único por isso. Ele percebeu outras duas coisas: Está na moda ser alternativo, e... o cult... vende...