Ferido Diário

02:47 / Postado por Figgis /

Anotações em meu ferido diário:

Na vida, o homem caminha, não voa. Tão jovem com a minha sigo a boa, a toa, a tola jornada que passa enquanto passo, que passa passo a passo pelos passos curtos.
Perene ilusão que eu tinha do vôo. Perece a ilusão que eu tinha o vôo.
Eu vi tudo ao meu redor, mas o que me rodeava era um quarto de um quarto escuro de portas fechadas e janelas abertas, piscando. Vi favores em vapores, ardências em falências, ameaças em desgraças...
Dei um passo a frente me mantendo no mesmo lugar. Eu não queria caminhar, eu quis voar. Estaria mais perto das nuvens e mais longe do chão.
Não, a vida é andarilha. Anda milha a milha. Trilha o trilho.
Lá do alto vi a todos tão pequenos, via todos tão pequeno. Foi fácil me jogar no alto, não tinha quem me julgasse no ato, estava sozinho.
Eu caí de novo, sou pequeno. Aqui em baixo vejo quem sou eu, sou igual a alguém, sou igual ninguém.
Mas sou vivo filho de um mundo. Sobrevivo filho de um mundo. Acordei, revivi, revi, revisitei, revigorei.
Aqui tenho noções das proporções. Não sou grande, não são os outros pequenos, não sou pequeno, não são os outros grandes... cai por terra mais uma ilusão.
Fim da ilusão de adultecência, sou garotinho, está na hora de trilhar o trilho, tenho muito chão pela frente.
Tenho que caminhar, volto a ti outra hora ferido diário. Tomarei cuidado com as irônias... mas sabes tu que não aprendo nem quando me arrependo. Vou andando...

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