Sobre Vidas V

04:04 / Postado por Figgis /

Na constância inconstante dos caminhos da vida fingi-me infindável. Fundei, fundi e findei nas maneiras que cabe-me agora, no desacelerar do jardim das dúvidas, mapear:

Acordo cedo e decido: Quem vou ser hoje? O filho mimado ou o pai dedicado? Tomo um tento e um conhaque, vou em frente. Viro a esquerda na avenida dos amores perdidos, sigo reto... Quem eu vou ser hoje? Atraco no perdido porto dos dias vulgares, esfumaço meus sentidos, respiro fundo e tusso forte, hora de partir rumo aos mares do bem vivido. Escolho uma profissão numa roleta russa americana... Quem eu vou ser hoje? O malabarista na rua ou o circense de Wall Street? Enveredo-me por entre vielas fugazes, faço-os rir. Dou cambalhotas e pulo corda e num ato de diversão estouro enfim na cara a torta, todos riem e vão embora, ninguém aplaude o palhaço. Quem eu vou ser hoje? Aquele que sempre acerta ou aquele que erra e nunca aprende? Sigo em frente à rua, sem perceber os amores contentes nas esquinas das escolhas não tomadas. Pulo as cambalhotas e ninguém dá corda e num ato de desespero estouro enfim a cara torta, todos riem e vão embora. Quem eu vou ser hoje? O que chora ou o que consola? Me encontro em novos portos, de mares calmos, vejo meu filho ter um filho, viro a direita na estrada das certezas e sigo em frente rumo ao rente riso do amor conquistado, me acalmo, desacelero no jardim das dúvidas...

Acordo cedo. Quem eu vou ser hoje? O pai ou o filho, o chefe ou o empregado, o ser perfeito ou o ser humano, o repressivo ou o depressivo? Escolha um mundo ou deixa que o mundo esolha por você. Ande, corra, navegue, mas nunca pare... nunca aplaque-se...

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